Primeiro fruto, poesia de Artur de Castro

13 04 2012

Mãe com bebê, ilustração Maud Tousey Fangel.

Primeiro fruto

Artur de Castro

De manso Ela desperta e o leito cor de arminho

Envolvendo no olhar de materna doçura,

Contempla o alvo filho entre os lençóis de linho,

Mais alvo que os lençóis de imaculada alvura.

E meiga a contemplar o tépido filhinho,

Seu casto olhar azul em lágrimas fulgura:

— É que nem sempre o pranto é de sofrer mesquinho…

— Que a lágrima é também  a imagem da Ventura.

Depois nos braços seus tomando-o febrilmente,

A fronte dele encosta à sua fronte bela,

Aos lábios dele cola os lábios seus, ridente…

E assim, em doce amplexo, em meio sonho, — Ela

De novo os olhos cerra… e terna… e vagamente

O filho adormecido, entre acordada, vela.

Em: 232 Poetas Paulistas, antologia, Pedro de Alcântara Worms, Rio de Janeiro, Conquista: 1968.

Artur de Castro (SP, 1880 – ?) — poeta e  jornalista.  Residiu em Campinas.


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